História da Arte |
A colagem foi uma técnica iniciada por Picasso (1881-1973), em 1912 com a obra Natureza Morta com Cadeira de Palha. Essa técnica foi largamente usada e explorada no Cubismo e Dadá. Surgiram vários tipos e formas de criar colagens.
A cubomania é uma colagem feita a partir de uma imagem recortada ou rasgada em quadrados e depois os seus pedaços são rearrumados aleatoriamente.
A "inimage" ou "décollage" é um processo de colagem em que imagens são sobrepostas e coladas em sucessivas camadas e depois são arrancadas para revelar partes das imagens cobertas e assim criar novas imagens através da subtração de partes das camadas.
A "étrécissement" também é um método redutivo; a imagem é obtida rasgando ou cortando partes da imagem original para formar uma nova imagem.
A "landscapade" é uma técnica na qual uma imagem de paisagem ou várias imagens de paisagens são cortadas e rearrumadas para formar uma nova paisagem. Posteriormente essa técnica se tornou a "landscapade mask" uma máscara ou molde, através da qual um rosto é feito a partir de pedaços de uma paisagem.
Brincadeiras surrealistas como a "colagem paralela" usa técnicas de colagem coletiva e em grupo.
Jean Arp (1887-1966) utilizou o princípio da colagem livre em algumas de suas obras. Ele rasgava desenhos, imagens ou papéis e jogava os pedaços no chão. A partir do padrão aleatório formado pelos pedaços caídos ele criava as suas "colagens casuais".
Henri Matisse (1869-1954) também usou a colagem para criar as sua obras mais alegres, livres e originais de toda a sua trajetória de artista. Através da colagem Matisse conseguiu simplificar as formas e intensificar as cores criando obras de forte impacto emocional.
O colagista alemão Kurt Schiwitters (1887-1948) criava as suas colagens fazendo composições com coisas encontradas na rua como bilhetes de ônibus, botões, restos de papel etc. Ele chamava essas composições de merz.
Alguns artistas também cortam as suas telas pintadas para rearrumá-las e fazer novas composições colando os pedaços de telas cortados em uma nova tela criando assim novas imagens a partir dos pedaços da imagem anteriormente criada. Existem também os artistas que criam as assemblage - trabalhos tridimensionais construídos a partir de objetos e ou materais encontrados, formando colagens tridimensionais.
Muitos artistas contemporâneos utilizam o conceito da colagem em suas obras. Atualmente a estética da colagem digital é muito difundida entre designers, publicitários e artistas que utilizam o computador como ferramenta para compor e criar imagens. Existem muitas dicussões sobre direitos autorais que envolvem colagens, o artista plástico Jeff Koons esteve envolvido nas mais polêmicas. O fotógrafo Art Rogers o acusou de ter se baseado numa fotografia dele para fazer a escultura String of Puppies. Este caso é referência em casos similares nos Estados Unidos. Se Koons tivesse usado apenas a "idéia" da foto, não teria se configurado uma cópia ou plágio, teria sido apenas uma paródia, uma referência à obra de Rogers para criar outra. Mas Koons reproduziu a forma como Rogers "expressou" a sua idéia ao retratar o casal de velhinhos, utilizando a mesma composição, a mesma pose. A fotografia foi apenas copiada em três dimensões, segundo a opinião da corte. Enfim, a linha entre o plágio e a paródia é uma linha tênue e pode levantar muitas discussões. A obra "American Gothic" do Gran Wood é uma das obras mais copiadas e parodiadas, além da La Gioconda do Leonardo da Vinci. Sem falar naquelas coincidências incríveis! E o Duchamp que expôs um urinol - desenhado e confeccionado por outras pessoas e virou ícone da arte moderna? - Existe também um outro aspecto no que concerne a autoria: nem sempre quem faz/executa é o autor do trabalho. Duchamp inaugura assim um outro ato/ação criativos: a escolha. O artista não é somente aquele que faz, mas aquele que escolhe. Ele é capaz de destacar, de ressaltar entre tantas imagens,objetos que fazem parte do nosso cotidiano algo que passou desapercebido. Ele expõe a nossa cegueira e diz: isto não foi visto com a devida atenção, é preciso olhar novamente para esta imagem ou objeto, ela possui muitos significados que ninguem percebeu até agora. O artista nos faz um convite para refletir sobre essa escolha.
Quando um artista, em uma colagem, utiliza trabalhos que foram criados por outras pessoas o resultado é uma obra derivativa, isto é, diferente da mera cópia, é uma obra nova que derivou de outra, foi proveniente de, teve a sua origem em. Como não existem palavras que nunca foram ditas, no mundo bombardeado por imagens no qual vivemos, não existem imagens que nunca foram vistas, por isso alegar completa originalidade é algo que pode ser questionado. Além do mais, não se cria do nada, do vazio, se cria sempre a partir de algo que já existe, que se entranha, se mistura, se une a outra coisa e forma algo novo. Inspirar-se, apropriar-se, não é copiar, é transformar. Transformação é criação.
PICASSO
|