História da Arte |
Happening
O happening, que se pode traduzir como "acontecimento", é uma forma de expressão artística que, apesar de quase sempre planejada, incorpora algum elemento de espontaneidade ou improvisação que se dá de maneira diferente a cada apresentação. Apesar de similar à performance, o happening se diferencia desta na medida em que, além do aspecto de imprevisibilidade, geralmente envolve a participação direta ou indireta do público espectador. Reações aleatórias por parte do espectador-participante são quase sempre esperadas em um happening. Como modalidade artística, ele foi desenvolvido nos Estados Unidos e utilizado pela primeira vez pelo artista Allan Kaprow em1959, bem como por Claes Oldenburg no início dos anos 1960. Como evento artístico, acontecia em ambientes diversos, geralmente fora de museus e galerias, geralmente não preparados previamente para esse fim.
Instalação
Linguagem ou manifestação artística onde a obra pode ser composta de elementos variados, em formatos e escala diversos, organizados em um ambiente aberto ou fechado. A disposição de elementos no espaço é temporária e pode buscar criar uma relação de participação direta com o espectador. Instalações só existem enquanto estão montadas tal como foram concebidas, embora possam ser remontadas em outros locais. Os trabalhos são experimentados no tempo e no espaço, buscando mais interatividade com o espectador. Embora "oficializada" e difundida somente a partir dos anos 1980, é possível encontrar o "formato" instalação já nos anos 1920, na obra de artistas como Marcel Duchamp e Kurt Schwitters, e mais adiante em Joseph Beuys e no grupo Fluxus. É hoje uma das modalidades ou linguagens artísticas mais populares no circuito da arte contemporânea.
Inúmeros artistas trabalham com práticas de instalação. Alguns nomes de destaque são Olafur Eliasson, Stan Douglas, Ilya Kabakov, Cornelia Parker, Thomas Hirschhorn, Jessica Stockholder, Jason Rhoades, Cildo Meireles e Nuno Ramos.
Intervenção
Mais próximo de definir uma linha de procedimentos que propriamente uma linguagem ou movimentação artística, o termo intervenção, no âmbito das artes visuais, designa práticas ligadas a uma ação do artista sobre uma situação física preexistente. Geralmente é associada a ações que se dão em estruturas urbanas ou arquitetônicas sobre as quais o artista decide interferir, seja de forma incisiva, alterando efetivamente a configuração física ou o material do que toma como suporte, seja de forma mais discreta, rearticulando simbolicamente determinadas características do local. Entendendo o espaço como receptor ativo da proposta, é comum a intervenção embutir um comentário crítico de ordem cultural ou sociopolítica.
Dentre artistas que trabalham nessa linha, podem ser citados os nomes de Daniel Buren, Hans Haacke, Krzysztof Wodiczko e Cildo Meireles.
Paisagem
O gênero da paisagem, apesar de muito tradicional, é relativamente recente na história da arte ocidental, só despontando com mais autonomia no século XVII; e ainda assim tido como "menor" nas categorizações acadêmicas. Apenas na virada para o século XIX, com a ascensão do romantismo, é que a paisagem passa a gozar de estatuto mais elevado. Passa a figurar no centro das práticas pictóricas, a serviço de estudos sobre a realidade do mundo e a natureza dos sentidos. Já no século XX, a paisagem deixa de existir como gênero convencional, mas subsiste como tema ou assunto de interesse para artistas, mesmo aqueles que operam sobre a abstração. Na arte da atualidade, a paisagem volta a ganhar destaque na produção de inúmeros artistas (notadamente pintores e fotógrafos, mas não só) e como mote curatorial em registros diversos. Pode ser explorada por conta de seus aspectos de permanência e transitoriedade, ou emergir como assunto sobre as relações da natureza com a arquitetura e a urbanidade.
Alguns artistas que se interessam pela paisagem como assunto recorrente: Thomas Struth, Agnes Martin, Jeff Wall, Julien Opie, Dan Graham, Tacita Dean e Caio Reisewitz.
Performance
A performance artística é uma modalidade interdisciplinar que − assim como o happening − pode combinar diversas linguagens, como vídeo, teatro e poesia. Popularizou-se a partir dos anos 1970, mas suas origens estão ligadas a movimentos da vanguarda modernista como o dadaísmo e o surrealismo. Difere do happening por ser mais cuidadosamente elaborada e não envolver, necessariamente, a participação dos espectadores. Em geral, segue um roteiro previamente definido, podendo ser reproduzida em outros momentos ou locais. Apesar de poder incorporar aspectos cênicos, diverge do teatro por não tratar diretamente de representação. Por seu caráter efêmero e de rápida duração, depende de registros, seja em fotografia, vídeo ou memoriais descritivos, para chegar ao grande público.
Alguns nomes seminais ligados a esta modalidade artística são Joseph Beuys, Chris Burden, Marina Abramovich, Carolee Schneeman e Gilbert e George.
Site specific
Arte de site specific (ou "sítio específico") se refere a trabalhos criados ou concebidos para existir em um determinado local. Cabe lembrar que em português "sítio" (equivalente ao site, em inglês) é um sinônimo de local ou lugar. Ao conceber uma proposta site specific, usualmente o artista analisa as características únicas do local, sejam arquitetônicas, históricas, sociais e/ou ambientais, enquanto planeja e desenvolve o trabalho de arte. Originalmente o termo foi aventado pelo artista norte-americano Robert Irwin, sendo mais popularizado a partir de meados dos anos 1970 por jovens escultores que começaram a realizar encomendas para grandes espaços urbanos. De um modo mais amplo, o termo tem sido empregado para designar também qualquer trabalho que seja (ou esteja) permanentemente vinculado a um determinado espaço ou local. Deve-se ressaltar que nos últimos quinze anos houve uma mudança significativa na noção de práticas artísticas site specific tais como pensadas nos anos 1960-1970. Uma abordagem mais "atualizada" delas é conjugada sob a terminologia site specificity - da qual um expoente teórico é historiadora da arte e da arquitetura Miwon Kwon.
Dentre outros artistas que produzem ou produziram na linha de procedimentos site specific, pode-se citar os nomes de Robert Smithson, Hans Haacke, Walter De Maria, Richard Serra, Christo e, mais recentemente, Mark Dion, Andrea Fraser e Sarah Sze.
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