História da Arte |
A PROMOÇÃO DO OCIDENTE
JEAN DELUMEAU
"No âmbito de uma história total o Renascimento significou a promoção do Ocidente numa época em que a civilização da Europa ultrapassou de um modo decisivo as civilizações que lhe eram paralelas, era evidente que este, não era especificamente artístico nem particularmente italiano. As provações que vieram em forma de obstáculos a este processo foram: peste negra; outras provocadas pelo jogo de competição política, econômica e religiosa , diminuição da produção de metais preciosos, avanços dos turcos, etc. Mesmo assim, a humanidade, globalmente considerada, nunca deixou de progredir de século em século, também em momentos em que a conjuntura lhe era desfavorável". Delumeau afirma que os séculos XV e XVI viram um aumento de obscurantismo dos alquimistas e outros, dando relevo a tipos de homens e sentimentos como desejo de vingança, tidos como característicos do Renascimento, quando na verdade faziam parte do período anterior.
Apesar das contradições, a época da Renascença deu um extraordinário salto para a frente e possibilitou ao homem do Ocidente maior domínio sobre um mundo mais bem conhecido. Ensinou-se a atravessar oceanos, fabricar ferro fundido, servir-se de armas de fogo, contar horas com motor, imprimir, etc.
No progresso espiritual, paralelo ao material, iniciou-se a libertação do indivíduo, tirando-o do anonimato medieval e desembaraçando-o das limitações que lhe eram impostas. A historiografia recente demonstrou que o Renascimento foi também a descoberta da família, da criança, do casamento e da esposa; fez-se menos antifeminista e hostil à fragilidade e a delicadeza da criança. O anarquismo religioso do século XIV e XV levou à uma ruptura, rejuvenescendo o cristianismo, tornando-lhe mais aberto às novas realidades e mais permeável à beleza do corpo e do mundo.
O Renascimento foi sensual . Deslumbrava-se à beleza do corpo, porém não aspirava romper com o cristianismo. A maioria dos pintores representavam cenas bíblicas e mitológicas. Mesmo no século XV e XVI com a laicização, não significou o fim do cristianismo, mas o início de uma cristalização da descristianização.
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