Biografia |
VALENTIM, Rubem
(1922, Salvador, BA - 1991, São Paulo, SP)
Formou-se em Odontologia, área que abandonou para dedicar-se à pintura em 1948. Em 1957 transferiu-se para o Rio de Janeiro. Em 1962 conquistou o prêmio de viagem à Europa no Salão Nacional de Arte Moderna e pequena medalha de ouro no Salão Paulista de Arte Moderna. Então viajou para a Europa: Inglaterra, França, Holanda, Bélgica, Alemanha, Áustria, Espanha, Portugal e Itália. Residiu em Roma de 1964 a 1966, quando voltou para o Brasil. Participou da Bienal de Veneza e diversas vezes da Bienal de São Paulo (de 1955 a 1998, prêmio de aquisição em 1967 e 1973, sala especial em 1998). Em 1994, o Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, montou uma grande retrospectiva de sua obra. Em longo texto que escreveu para o catálogo/livro dessa exposição, Frederico Morais aponta com lucidez o caráter inovador da obra de Rubem Valentim: "Valentim chegou em certos momentos de sua arte à pureza do design, porém na correta interpretação que Lúcio Costa deu ao termo: riscadura brasileira. Um design caboclo, brasileiro, latino-americano. (...) Enfim, o que ele quis foi projetar/desenhar um Brasil que não se envergonhasse de sua cor, de seu caráter mestiço e mulato, da generosidade e ludicidade de seu povo, de sua capacidade de arriscar aquilo que é seu, seu próprio destino." Recentemente, sua obra foi objeto de salas especiais (1996, Bienal de São Paulo; 1998, Parque de Esculturas do Museu de Arte Moderna da Bahia) e de duas novas retrospectivas: Pinacoteca do Estado de São Paulo (2001) e Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro (2002).
Referências: Cinco mestres brasileiros: pintores construtivistas (Kosmos, 1977), de Roberto Pontual; O Brasil por seus artistas (MEC, 1979), de Walmir Ayala; História geral da arte no Brasil (Instituto Walther Moreira Salles/Fundação Djalma Guimarães, 1983), coordenação de Walter Zanini; Dacoleção: os caminhos da arte brasileira (Júlio Bogoricin Imóveis, 1986), Rubem Valentim: construção e símbolo (CCBB, 1994) e Cronologia das artes plásticas no Rio de Janeiro: 1816-1994 (Topbooks, 1995), de Frederico Morais; Arte construtiva no Brasil: coleção Adolpho Leirner (DBA, 1998), coordenação editorial de Aracy Amaral; Os primórdios da arte moderna na Bahia (Museu de Arte Moderna da Bahia, 1998), de Sante Scaldaferri; Pintura brasileira do século XX: trajetórias relevantes (4 Estações, 1998), de Olívio Tavares de Araújo; Tridimensionalidade: arte brasileira do século XX (2. ed. revista e ampliada Itaú Cultural/Cosac & Naify, 1999), de Annateresa Fabris, Fernando Cocchiarale e outros; Textos sobre arte (Museu de Arte Moderna da Bahia, 2000), de Almandrade; Rubem Valentim: o artista da luz (Pinacoteca, 2001), organização de Bené Fonteles e Wagner Barja; Arte brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem (A. Jakobsson, 2002), de Paulo Herkenhoff; O olhar amoroso (Momesso, 2002), de Olívio Tavares de Araújo.
fonte : Bolsa de Arte do Rio de Janeiro
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Valentim, Rubem (1922 - 1991)
Biografia
Rubem Valentim (Salvador BA 1922 - São Paulo SP 1991). Escultor, pintor, gravador, professor. Inicia-se nas artes visuais na década de 1940, como pintor autodidata. Entre 1946 e 1947 participa do movimento de renovação das artes plásticas na Bahia, com Mario Cravo Júnior (1923), Carlos Bastos (1925) e outros artistas. Em 1953 forma-se em jornalismo pela Universidade da Bahia e publica artigos sobre arte. Reside no Rio de Janeiro entre 1957 e 1963, onde se torna professor assistente de Carlos Cavalcanti no curso de história da arte, no Instituto de Belas Artes. Reside em Roma entre 1963 e 1966, com o prêmio viagem ao exterior, obtido no Salão Nacional de Arte Moderna - SNAM. Em 1966 participa do Festival Mundial de Artes Negras em Dacar, Senegal. Ao retornar ao Brasil, leciona pintura no Ateliê Livre do Instituto de Artes da Universidade de Brasília - UnB, onde passa a residir. Em 1972, faz um mural em mármore para o edifício-sede da Novacap em Brasília, considerado sua primeira obra pública. O crítico de arte Frederico Morais elabora em 1974 o audiovisual A Arte de Rubem Valentim. Em 1979, realiza escultura em concreto aparente, instalada na Praça da Sé, em São Paulo, definindo-a como o Marco Sincrético da Cultura Afro-Brasileira e, no mesmo ano, é designado, por uma comissão de críticos, para executar cinco medalhões, em ouro, prata e bronze, para os quais recria símbolos afro-brasileiros para a Casa da Moeda do Brasil. Em 1998 o Museu de Arte da Moderna da Bahia - MAM/BA, inaugura a Sala Especial Rubem Valentim no Parque de Esculturas.
Atualizado em 27/10/2006
fonte : Itaú Cultural
28/02/2007
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A Pedra de Raio de Rubem Valentim, Obz-Pintor da Casa de Mâe Senhora
Por Paulo Herkenhoff
Ele era obz da Casa de Mâe Senhora. O iyalorixz do Axë Op- Afonjz (1), terreiro da naçâo ketu, era pintor amador de quadros, depois de iniciado na adolescència por Arthur Come-S?, pintor-decorador de paredes. Deixou a profissâo de dentista para se dedicar Ç pintura, a conselho de sua Mâe Senhora (2). A trajet?ria do Obz Rubem Valentim, obsessivamente dedicada aos orixzs, ë uma das aventuras mais fiëis a um tema na arte brasileira. No entanto, como quem procura sua voz, a obra de Valentim trazia, mais profundamente, uma incessante busca da linguagem. O machado duplo de Xang-, que corta de dois lados, foi um padrâo principal e tambëm a metzfora de uma arte que duplamente pensa na tradiçâo ocidental e incorpora genuinamente as raìzes africanas da cultura brasileira. Ï o pr?prio artista que declara em seu Manifesto ainda que tardio: "Intuindo o meu caminho entre o popular e o erudito, a fonte e o refinamento - e depois de haver feito algumas composiç§es, jz bastante disciplinadas, com ex-votos, passei a ver nos instrumentos simb?licos, nas ferramentas do candomblë, nos abebès, nos paxor-s, nos oxës, um tipo de fala, uma poëtica visual brasileira, capaz de configurar e sintetizar adequadamente todo o nöcleo de meu interesse como artista. O que eu queria e continuo querendo ë estabelecer um design (que chamo Riscadura Brasileira), uma estrutura apta a revelar nossa realidade" (3).
Os negros trazidos para a Amërica como escravos viveram a dimensâo de um corte cultural abrupto e brutal. Era uma interrupçâo do tempo com a desintegraçâo promovida pela dizspora. O fil?sofo argentino Saul Karsz, ao estudar o tempo e seu segredo na Amërica Latina, observou que, para os contigentes formados pela escravidâo, alegorias de melancolia do passado pavimentaram o caminho para a represzlia de um tempo roubado cuja saga e fracasso foram recontados pelo realismo mzgico de Alejo Carpentier em El Siglo de las Luces (1962) (4). No Brasil, Graça Aranha, em sua A Estëtica da Vida (1921) (5), havia concluìdo que a cultura brasileira deveria transformar sensaç§es em obras de arte e se constituir a partir de uma nova relaçâo com a natureza do paìs. Comparando as très etnias bzsicas da formaçâo da brasilidade, Graça Aranha argumentou que os portugueses traziam melancolia, os ìndios e os negros mantinham uma relaçâo com a natureza marcada por uma metafìsica bzrbara. Os povos africanos teriam trazido um terror c?smico (medo da natureza que se expressa atravës de representaç§es ilus?rias), enquanto que os ìndios transmitiam uma metafìsica do terror (que enche de fantasmas o espaço entre a natureza e o espìrito humano). Para Graça Aranha, o projeto moderno seria a superaçâo desse dualismo por meio da integraçâo do eu no cosmo.
Na perspectiva hist?rica da Amërica Latina, Karsz fala ainda de presentificaçâo do passado. No entanto, Rubem Valentim e sobretudo a geraçâo anterior jz nâo poderiam viver a nostalgia da Ãfrica, mas experimentaram uma atualidade do presente, como tempo de reivindicaçâo do direito de cidadania ao culto (6) e de integraçâo na cultura brasileira. Era uma luta no interior de uma sociedade que sofria de um "complexo de inferioridade do passado africano", em que negro e africano tornaram-se sin-nimos de escravo, conforme observa o antrop?logo Arthur Ramos (7).
A anzlise da trajet?ria de Rubem Valentim enseja pequeno retrospecto de momentos de problematizaçâo da herança africana na formulaçâo hist?rica da arte do Brasil. O primeiro estudioso da arte religiosa afro-brasileira foi Nina Rodrigues em 1904, com o seu artigo "As Belas-Artes dos Colonos Pretos do Brasil" (8), argumentando que o sistema escravista desvalorizava o valor artìstico dessa produçâo. No entanto, seu pioneirismo deve ser contraposto ao seu racismo, quando escreve que "a raça negra no Brasil, por maiores que tenham sido os seus incontestzveis serviços Ç nossa civilizaçâo (...) hz de constituir sempre um dos fatores de nossa inferioridade como povo" (9). Dëcadas depois, Arthur Ramos tambëm notarz que certas peças antropom?rficas dos cultos do candomblë da Bahia tinham absorvido traços europeus. Depois de questionar o termo primitivo quando referido Ç arte africana, observa que nos Estados Unidos haviam se perdido as tradiç§es da arte plzstica africana, porque lz "o negro artista prefere imitar os modelos europeus, e se hz algum movimento modernista primitivo entre eles, terz vindo de fontes eruditas, e nâo como uma preservaçâo de traços africanos" (10).
A obra de Rubem Valentim poderia ser aproximada de uma certa teoria das representaç§es da alma. No entanto, ela se distancia do conceito de mera representaçâo animista ou de vivificaçâo das forças inanimadas da natureza, discutidos por Freud. A obra de Valentim, no seu viës mitol?gico e religioso, tem como ponto de partida aquilo que Freud entende como o fundo vivo de nosso idioma, de nossas crenças e de nossa filosofia (11). O orixz, escreve Pierre Verger, "ë uma força pura, Çse (poder do ancestral-orixz), imaterial que s? se torna perceptìvel aos seres humanos incorporando-se a um deles" (12). A teogonia de Valentim se realiza em forma de uma escritura e nâo na representaçâo antropom?rfica dos orixzs, mas na compreensâo da estrutura simb?lica. Nisso os orixzs de Valentim, no processo de construçâo de sua presença visìvel, se diferenciam dos orixzs dos artistas cubanos Wifredo Lam e Czrdenas, que, mais envolvidos numa atmosfera de magia, permitem Ç Europa eurocèntrica tratar seu conteödo religioso como surrealismo.
Rubem Valentim foi, de vzrias formas, um contraponto na cultura brasileira. Valentim traz uma bagagem cultural dos candomblës da Bahia, na sua vertente iorubz, e serz marcado pelo clima cultural do Rio de Janeiro, onde chega em 1957. No Rio conhece a imagìstica dos pontos riscados da umbanda, inexistentes no candomblë da Bahia" (13). A produçâo concretista carioca, desdobrada com a ruptura do neoconcretismo, encontra um paralelo na obra de Valentim, como uma adesâo Çs matrizes culturais do momento. Seu recurso Ç geometria para dinamizar o plano ao ritmo grzfico, aos pontos de concentraçâo de energia visual traz alguns aspectos que permitiriam a aproximaçâo de sua obra dos contemporéneos Metaesquemas de Hëlio Oiticica. Valentim abandona definitivamente seu interesse figurativo e se dedica a uma escritura de sìmbolos dos orixz do candomblë da Bahia, reduzidos a elementos estruturais-geomëtricos fundamentais. Esse desejo de linguagem construtiva, experimentado na obra de Valentim, vai distanciar o artista das apropriaç§es tìpicas mais pitorescas da literatura de Jorge Amado ou do erotismo edènico do padrâo mulher negra, tâo adotado entre os pintores modernistas do Brasil. A Bahia padeceu de exotismo (ou o "pecado tâo fzcil de se cometer na Bahia!", conforme analisou Mzrio Pedrosa) (14) atë que Joâo Gilberto, Glauber Rocha e Caetano Veloso viessem resgatz-la de sua doença cr-nica, o folclorismo. Ao se fixar definitivamente na Bahia em 1950, depois de sua viagem pelo Brasil entre 1946 e 1948, Pierre Verger desenvolve o seu grande trabalho fotogrzfico, em que o percurso do campo da dizspora africana serz tambëm uma cartografia dos territ?rios dos orixz, comparando o culto iorubz na Ãfrica e em diversas regi§es da Amërica. Ï Rubem Valentim quem define para a arte brasileira a existència de quest§es da negritude, atë entâo, em termos gerais, concentradas em cenas de costumes. Valentim ë o que problematiza a herança do candomblë enquanto possibilidade para o momento de transformaçâo das artes plzsticas, para alëm de um tratamento literzrio. Por sua origem dentro do candomblë, a produçâo de Valentim deve ser vista como potència desse universo cultural especìfico, e nâo apenas genericamente como mais um traço da cultura brasileira. Por extrair de um contexto popular aut?ctone os elementos para a projeçâo de uma brasilidade elementar e contemporénea, Rubem Valentim "pertence Ç mesma famìlia espiritual de Volpi, de uma Tarsila", escreveu o crìtico Mzrio Pedrosa (15). Poderìamos dizer que Valentim viveu possuìdo pelos orixzs. Nâo se poderia restringir a obra de Valentim Ç discutìvel idëia de primitivismo da arte moderna. Rubem Valentim nâo se apropriou de coisa alguma estranha Ç sua experiència e Ç sua crença. Novo paralelo da obra de Valentim pode ser definido com respeito ao pensamento e Ç obra de Hëlio Oiticica na dëcada de 60. Em seu programa em direçâo Ç experiència vital e Ç sensorialidade total, Oiticica estabelece referèncias mais especìficas Ç religiosidade afro-brasileira em alguns Parangolës. Neles inscreve frases como "Incorporo a revolta" (Parangolë P15 Capa 11) ou "Estou possuìdo" (Parangolë P17 Capa 13) - incorporar ou estar possuìdo vinculam-se diretamente aos trabalhos de investimento dos orixzs. No Ïden (16) encontra-se O Penetrzvel de Ãgua - Iemanjz -, uma tenda branca com o châo de zgua, evocativo dos atributos desta entidade. Evocando a Antropofagia de Oswald de Andrade para combater o mito universalista eurocèntrico, Oiticica formulou o Tropicalismo, preconizando o nâo-condicionamento Çs estruturas da cultura europëia, dizendo textualmente que "s? o negro e o ìndio nâo capitularam a ela" (17).
No saguâo do audit?rio do Palzcio do Itamaraty, sede do Ministërio das Relaç§es Exteriores em Brasìlia (18), estâo très grandes painëis brancos em relevo de autoria de Rubem Valentim, Emanoel Araöjo (19) e Sërgio Camargo, respectivamente. O painel de Valentim, de madeira pintada com a pureza do branco (conforme expressâo do artista), representa um dizlogo de temperaturas e da matëria orgénica, contrastando com o mzrmore empregado em grandes superfìcies lisas de châo e paredes daquele edifìcio. O artista nele incorporou signos como o machado duplo, elemento emblemztico de Xang- (20). Para o antrop?logo Arthur Ramos, essa figura remontaria Çs representaç§es egìpcias, sumërias e orientais do enfeite das cabeças dos touros. O sìmbolo da cabeça representa a pedra do raio, como cena de possessâo do pai de santo em cuja cabeça penetrou Xang-. Para Arthur Ramos, seria tambëm como um meteorito, que ë popularmente vinculado a raios e trov§es (21). O painel de Rubem Valentim concentrado em Xang-, orixz dos raios e tempestades poderia entâo ser denominado a pedra do raio - o itz de Xang-. Para Pierre Verger, a pedra de raio (a que chama de êd¸n Çrz) seria um machado neolìtico, que ë lançado por Xang- como instrumento de sua ira. Xang- foi inicialmente descrito por Frobenius, que acreditava existirem dois orixzs dessa espëcie. Segundo Verger, Xang- possui dois aspectos: humano e divino. Diz que "como personagem hist?rico, Xang- teria sido AlzÇfin Ôy?, Rei de Ôy?, filho de Oranian e Torosi, a filha de Elempè, rei dos tapzs, aquele que havia firmado uma aliança com Oranian. (...) Xang-, no seu aspecto divino, permanece filho de Oranian, divinizado porëm, tendo Yamase como mâe e très divindades como esposas: Oiz, Oxum e Obz. Xang- ë viril e atrevido, violento e justiceiro: castiga os mentirosos, os ladr§es e os malfeitores. Por esse motivo, a morte por raio ë considerada infamante" (22). Pode-se prever que, na eleiçâo do orixz desse panteâo-painel de um edifìcio pöblico em Brasìlia, Valentim nâo terz dispensado aquela carga simb?lica do atributo de Xang-, com respeito Ç correçâo de princìpios ëticos. Desse modo, o painel de Valentim refere-se indiretamente a padr§es morais na conduçâo da coisa pöblica, que nos remeteria aos afrescos das cenas do Bom Governo e do Mau Governo (1338-1339), que Ambrogio Lorenzetti inscreve nas paredes do Palzcio Pöblico de Siena.
O painel de Brasìlia ë, ainda, um paradigma do mëtodo de reduçâo do sìmbolo ao signo operada pela obra de Valentim. No plano da constituiçâo da linguagem, podemos dizer que a semiologia triunfa no Brasil a partir da dëcada de 50, antes que a cultura negra tivesse inserido suficientemente seus sìmbolos no cenzrio da arte brasileira. Disso decorre importéncia adicional da obra de Valentim, com seu c?digo semiol?gico emergente de uma teogonia. A obra ë um texto cosmog-nico contìnuo. Ï o desenvolvimento de um c?digo de signos essenciais capazes de atuar como ìndices dessa espiritualidade. As esculturas, pinturas e relevos de Rubem Valentim conservam möltiplas qualidades, como seu sentido hierztico, herzldico, ritualìstico, totèmico, ancestral, imemorial, solene, silencioso, expressivo e sintëtico. O artista teve de estabelecer o c?digo e a sua legibilidade, afastada de hermetismos e da vulgaridade representacional. Giulio Carlo Argan construiu uma sìntese da atitude de Valentim: "Ï necesszrio expor, antes, que eles (os signos simb?licos-mzgicos) apareçam subitamente imunizados, privados, das suas pr?prias virtudes originzrias, evocativas ou provocat?rias: o artista os elabora atë que a obscuridade ameaçadora do fetiche se esclareça na lìmpida forma de mito" (23). Reduçâo do t?tem a suas energias visuais essenciais ao seu limite mzximo de irredutibilidade, alëm do que jz perderiam seu sentido original. Ï nesse limite que Valentim se distancia do sentido de representaçâo para trabalhar com a idëia de presentificaçâo pelo olhar das forças vitais e naturais. Argan argumentaria conclusivamente aqui que "o seu apelo Ç simbologia mzgica nâo ë portanto o apelo Ç floresta; ë, talvez, a recordaçâo inconsciente de uma grande e luminosa civilizaçâo negra anterior Çs conquistas ocidentais. Por isso, a configuraçâo das suas imagens ë tambëm mais claramente herzldica e emblemztica do que simb?lico-mzgica". Com Valentim, a cultura negra no Brasil chega integralmente com seu sentido espiritual original Ç arte. Chega sem intermediaç§es estilìsticas e negociaç§es polìticas que renunciassem Ç identidade.
Notas
1. Uma das grandes casas de candomblë da Bahia, ao lado da Casa Grande do Engenho Velho, do candomblë de Alaketu e do Gantois, conforme Reginaldo Prandi, "As religi§es negras do Brasil". Sâo Paulo, Revista USP, dez./jan./fev. 1995-1996, nª 28, pp. 65 a 83.
2. Entrevista de Antonio Olinto ao autor, em 27 de maio de 1996.
3. Bahia, Rio, Sâo Paulo, Brasìlia. Janeiro 1976 in Rubem Valentim, Sâo Paulo, Bienal de Sâo Paulo, 1977.
4. Time and its secrets in Latin Amërica in Time and the philosophies, Paris, Unesco, 1977, pp. 155 a 167.
5. Rio de Janeiro e Paris, Garnier, 1921. Para a anzlise do pensamento de Graça Aranha remetemos o leitor para A Brasilidade Modernista, sua Dimensâo Filos?fica, de Eduardo Jardim de Moraes. Rio de Janeiro, Graal, 1978.
6. Apenas em 1919 as perseguiç§es policiais aos cultos afro-brasileiros foram banidas.
7. Arte Negra do Brasil. Cultura, Rio de Janeiro, Ministërio da Educaçâo e Saöde, 1949, nª 2, pp. 189 a 212.
8. Kosmos, Rio de Janeiro, agosto de 1904, ano I nª 8.
9. Na introduçâo a Os Africanos no Brasil (c. 1906), aqui citado da 5a ediçâo pela Companhia Editora Nacional, Sâo Paulo, 1977, pzg. 7.
10. Op. cit., p. 197.
11. Totem y Tabu. Madrid, Alianza Editorial, 1972, 5¼ ediçâo espanhola. Esse tema da psicanzlise freudiana foi retomado por Oswald de Andrade no Manifesto Antrop?fago.
12. Orixzs, deuses iorubzs na Ãfrica e no Novo Mundo. Salvador, Corrupio, 1981, p. 19.
13. Depoimento do artista, apud Frederico Morais, Rubem Valentim Construçâo e Sìmbolo. Rio de Janeiro, Centro Cultural do Banco do Brasil. 1994, p. 45.
14. Contemporaneidade dos artistas da Bahia. Rio de Janeiro, Correio da Manhâ, 29 de janeiro de 1967.
15. Op. cit.
16. Vinculado ao CRELAZER: "O mundo que se cria no nosso lazer, em torno dele, nâo como fuga mas como zpice dos desejos humanos" (Oiticica in CRELAZER, op. cit. nota supra, p. 115)
17. 4 de março de 1968, in Aspiro ao Grande Labirinto, Rio de Janeiro, Rocco, 1986 (Luciano Figueiredo, Lygia Pape e Waly Salomâo organizadores), pp. 106-109.
18. Rubem Valentim passou a viver em Brasìlia em 1967, perìodo ainda de consolidaçâo da transferència da capital federal. O edifìcio foi projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer.
19. A obra de Emanoel Araöjo mantëm referèncias Çs tradiç§es negras brasileiras, daì o crìtico americano tè-la denominado "afro-minimalista".
20. Xang- foi inicialmente descrito por Frobenius, que acreditava existirem dois orixzs dessa espëcie. Segundo Pierre Verger (op. cit., p. 134).
21. Op. cit. p. 203.
22. Op. cit., p. 134.
23. Rubem Valentim, 1966.
Cronologia
1922
Nasce em 9 de fevereiro de 1922, em Salvador, Brasil.
"Nasci num sobrado com sacadas de ferro, Ç rua Maciel de Baixo, 17, Distrito da Së. De pais pobres, fui o primeiro dos seis filhos. Custei a nascer e levei muitas palmadas para chorar. Em compensaçâo comecei a gritar com força incomum, o que apavorou os presentes. Foi, ao que parece, meu primeiro grito de protesto contra a violència. Dos 4 aos 13 anos, vivi Ç rua Futuro do Toror?, onde morava gente de classe mëdia e tambëm gente muito pobre e humilde. Cresci tomando consciència das diferenças de classe, do dinheiro sempre escasso e das injustiças que marcavam meu pequeno mundo. Brinquei muito na rua. O prazer maior era empinar arraias e fazè-las com gosto. Durante as festas juninas era um nâo-acabar de fazer bal§es de papel colorido, bem como altares de Santo Ant-nio decorados com recortes de papel de seda e folhas douradas. Mas de todos os meus encantos infantis nenhum se comparava ao de fazer presëpios. Mundo poëtico, popular, de cor e riqueza imaginativas, que ficou em mim e influenciou profundamente minha arte. Me perdia na contemplaçâo das igrejas: o ouro dos altares, as imagens, o silèncio, o cheiro de incenso e de velas queimando. Cantochâo. Prociss§es. O Natal e a Paixâo. Minha famìlia, cat?lica, de quando em vez ia ver um caboclo num candomblë. E lz ia eu penetrando no universo fantzstico do candomblë. O baiano, para sua felicidade, ë cat?lico e animista. Conheci Arthur Come-S?, o pintor-decorador de paredes, homem simples e sërio. Trabalhava sem ajudantes, daì seu apelido. Très vezes pintou nossa casa: paisagens na entrada, flores na sala de visitas, frutas na sala de jantar, os quartos pintados de azul claro ou rosa, com barras de flores. Com ele aprendi a tëcnica da pintura a tèmpera. Quando entrei para o Ginzsio da Bahia, vivìamos na Gamboa de Cima, em casa alegre com fundos para o mar. Nâo fui mau aluno. Cumpria com o meu dever de estudar e gostava principalmente das aulas de desenho geomëtrico. Lia muito. Romances. Ganhava algum dinheiro vendendo agulhas e ?leo para mzquinas de costurar. Em seguida, trabalhei num cart?rio de registro civil. Com 17 anos prestei serviço militar."
1946
Forma-se em Odontologia pela Universidade da Bahia, Brasil, mas exerce a profissâo por apenas dois anos, atraìdo irresistivelmente pelas artes plzsticas.
1948
Inicia sua participaçâo no movimento renovador das artes plzsticas em Salvador, liderado pela revista Caderno da Bahia, ao lado de Mzrio Cravo Jr., Carlos Bastos, Raymundo de Oliveira, Jenner Augusto, Lygia Sampaio e dos escritores Wilson Rocha, Clzudio Tavares e Vasconcelos Maia. Este öltimo apresenta-o ao pintor Aldo Bonadei, de quem recebeu muitos conselhos e estìmulos para seguir pintando.
"Meu primeiro contato importante com a arte contemporénea ocorreu em 1948, na exposiçâo de artistas nacionais e estrangeiros organizada por Marques Rebelo na Biblioteca Pöblica de Salvador. Fui vè-la vzrias vezes, deslumbrado, perdido, chocado com aquele mundo fantzstico e tâo novo para mim. Aluguei uma sala num velho sobrado de très andares, com sacada de ferro. Pela manhâ desenhava composiç§es com garrafas, latas, moringas, vasos, ex-votos e cerémica popular. Elaborava esquemas de cor e valores.  tarde, fazia pesquisas formais - livres, imaginosas. Ou ia ao Museu de Arte conversar com Josë Valladares, que me emprestava livros e revistas sobre arte. Reproduzia imagens de um livro grosso sobre Cëzanne, copiando-as a ?leo, com valores em cinza. Com Cëzanne aprendi a compor. Fiz c?pias tambëm de Modigliani, Matisse, Braque, Picasso e Chagall. Atravës de Klee compreendi a liberdade da expressâo plzstica e o valor fundamental da imaginaçâo criadora. Sempre lutando para vencer as dificuldades de execuçâo. Nunca fui muito habilidoso - felizmente. Vivia com sacrifìcio, sem dinheiro."
1949
Participa do I Salâo Baiano de Belas-Artes com duas pinturas: uma delas abstrata. Sua participaçâo no Salâo Baiano irz atë 1956.
1950
Integra com Mzrio Cravo Jr., Jenner Augusto e Lygia Sampaio a mostra Novos Artistas Baianos, patrocinada pelo Caderno da Bahia e realizada no Instituto Geogrzfico e Hist?rico.
1951
"Um dia, no ateliè, perdi a cabeça. Rasguei os cadernos de desenho, destrui todos os meus estudos, as telas, esvaziei os tubos de tinta, despejei os ?leos de linhaça, os solventes, quebrei o cavalete e os pincëis a marteladas. Saì do ateliè, deixando atrzs de mim parte de minha vida assassinada. Perambulei com dor na alma, odiando pela primeira vez a terra que amo, cheio de raiva contra uma sociedade em decadència e medìocre. Foram quinze dias de purgat?rio, durante os quais me perdi nas ruas de Salvador. Um dia acordei tranqÆilo. Reencontrei o verde das zrvores, ouvi de novo o canto dos passarinhos, voltei a amar o azul da Bahia. A pë, tomei o caminho de volta ao ateliè. Senti entâo uma tristeza amarga, chorei de saudade dos meus trabalhos destruìdos. E novamente aceitei meu destino. Com 50 cruzeiros dados por um irmâo, comprei material de pintura. Voltei a pintar."
1953
Forma-se em Jornalismo pela Faculdade de Filosofia da Universidade da Bahia, Brasil. Publica cr-nicas sobre arte na imprensa.
1954
Realiza individuais no Palzcio Rio Branco e na Galeria Oxumarë. Num s?tâo desta öltima, instala seu ateliè, onde se mantëm por vzrios anos.
1955
Recebe o prèmio Universidade da Bahia no VII Salâo Baiano de Belas- Artes.
"Descoberta da arte negra - dos signos - sìmbolos do candomblë: Oxè de Xang-, o machado duplo, no mesmo eixo central, recriado por mim e posteriomente transformado em forma fundamental de minha pintura, Xaxarz de Omulu, Ibìri de Nanâ, Abebè de Oxum, ferros de Osanhe e de Ogum, Pachor- de Oxalz, os pegis, com sua organizaçâo compositiva, quase geomëtrica, contas e colares coloridos dos orixzs. Na pintura, buscava uma linguagem, um estilo para expressar uma realidade poëtica, extraordinariamente rica, que me cercava, para tornz-la universal, contemporénea. Pacientemente fazia o transpasse de todo esse mundo para o plano estëtico."
1956
Integra a mostra Artistas Modernos da Bahia, na Galeria Oxumarë. Participa da III Bienal de Sâo Paulo e do V Salâo Nacional de Arte Moderna, no Rio de Janeiro, Brasil.
1957
Integra a mostra Artistas da Bahia, realizada no Museu de Arte Moderna de Sâo Paulo, Brasil. Transfere-se para o Rio de Janeiro, Brasil.
1958
Integra a mostra Oito Artistas Contemporéneos, que inaugura a Galeria Macunaìma, da Escola Nacional de Belas-Artes. Os demais expositores sâo Inimz, Benjamim Silva, Abelardo Zaluar, Domènico Lazzarini, Ernani Vasconcelos, Carlos Magano e Ubi Bava. Nomeado professor-assistente de Carlos Cavalcanti, na cadeira de hist?ria da arte do Instituto de Belas-Artes.
1959
Participa da V Bienal de Sâo Paulo e do VII Salâo Nacional de Arte Moderna, no Rio de Janeiro, Brasil.
1960
Participa do IX Salâo Nacional de Arte Moderna, recebendo o certificado de isençâo do jöri e o prèmio Federaçâo Nacional das Indöstrias.
1961
Casa-se, em 25 de março, com Löcia Alencastro, arte-educadora e uma das fundadoras, com Augusto Rodrigues, em 1948, da Escolinha de Arte do Brasil. Realiza individuais no Museu de Arte Moderna de Sâo Paulo, Brasil e na Petite Galerie. Divide com Milton Dacosta o primeiro prèmio do salâo promovido pela Petite Galerie entre seus expositores. Participa da VI Bienal de Sâo Paulo e do X Salâo Nacional de Arte Moderna, no Rio de Janeiro.
1962
Realiza individual na Galeria Relevo, no Rio de Janeiro, Brasil, que lhe dz o prèmio da Associaçâo Brasileira de Crìticos de Arte para a melhor exposiçâo do ano. Participa do Salâo Paulista de Arte Moderna, no qual ë premiado com medalha de ouro; do XI Salâo de Arte Moderna, no Rio de Janeiro, Brasil, recebendo o prèmio de viagem ao Exterior, e da Bienal de Veneza. Integra duas coletivas, na Galeria Relevo e na Casa do Brasil, em Roma, Itzlia, esta öltima reunindo os artistas da representaçâo brasileira Ç Bienal de Veneza, Itzlia.
1963
Participa da VII Bienal de Sâo Paulo. Viaja Ç Europa. Antes de se fixar em Roma, Itzlia, a partir de 31 de março de 1964, reside em Bristol, Inglaterra, acompanhando sua mulher, bolsista na Bath Academy of Art, e em Londres. Na Europa, realiza viagens por diversos paìses, interessando-se especialmente pelos museus de arte negra e de antropologia.
1965
Faz individual na Casa do Brasil, em Roma, Itzlia. Participa da mostra internacional Alternative Attuali/2, em LAquila, Itzlia.
1966
Participa do I Festival Mundial das Artes Negras, em Dacar, Senegal, com doze pinturas realizadas em Roma, Itzlia. Retorna ao Brasil em setembro e participa da I Bienal da Bahia, em Salvador, Brasil, reunindo 29 pinturas em sala especial, das quais 21 realizadas em Roma. O jöri concede-lhe o prèmio especial por sua contribuiçâo Ç pintura brasileira.
"Com o peso da Bahia sobre mim - a cultura vivenciada -, com o sangue negro nas veias - o atavismo -, com os olhos abertos para o que se faz no mundo - a contemporaneidade -, criando meus signos-sìmbolos, procuro transformar em linguagem visual o mundo encantado, mzgico e provavelmente mìstico que flui continuamente dentro de mim. O substrato vem da terra, tâo ligado que sou ao complexo cultural da Bahia. Partindo desses dados pessoais e regionais, busco uma linguagem autèntica para me expressar plasticamente. Nâo tenho ambiç§es vanguardistas, ou melhor, nâo quero ser um eterno profissional das vanguardas."
1967
Individual na Galeria Bonino, no Rio de Janeiro, Brasil. Integra as mostras VI Resumo da Arte/Jornal do Brasil, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brasil, e Artistas Abstratos Geomëtricos, na Galeria Macunaìma. Convidado a ensinar pintura no Instituto Central de Arte da Universidade de Brasìlia, transfere-se para a capital federal. Realiza individual no Hotel Nacional, em Brasìlia, Brasil, e participa da IX Bienal de Sâo Paulo, recebendo um dos prèmios Itamaraty.
1968
Participa do IV Salâo de Arte Moderna do Distrito Federal, em Brasìlia, Brasil.
1969
Participa do Panorama de Arte Atual Brasileira, no Museu de Arte Moderna de Sâo Paulo, Brasil, e da X Bienal de Sâo Paulo, Brasil, reunindo, em sala especial, 12 objetos emblemzticos. Integra, com Waldemar Cordeiro, a representaçâo brasileira Ç I Bienal Internacional de Arte Construtiva, em Nurembergue, Alemanha.
"Nunca fui concreto. Tomei conhecimento do Concretismo por meio de amizades pessoais com alguns dos seus integrantes. Mas logo percebi, pelo menos entre os paulistas, que o objetivo final de seu trabalho eram os jogos ?ticos e isto nâo me interessava. Meu problema sempre foi conteudìstico (a impregnaçâo mìstica, a tomada de consciència dos valores culturais do nosso povo, o sentir brasileiro). Claro, mesmo nâo tendo participado do Concretismo, percebi entre seus valores a idëia da estrutura que se adequava ao carzter semi?tico de minha pesquisa plzstica. Mas posso dizer que sempre fui um construtivo."
1970
Realiza individual no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brasil, expondo 31 objetos-emblemas e relevos-emblemas. Participa da II Bienal de Medellìn, Col-mbia, e integra coletiva de artistas plzsticos de Brasìlia, Brasil, no Conselho Briténico.
1971
Realiza individual na Galeria Documenta, em Sâo Paulo, Brasil. Participa do IX Resumo de Arte/Jornal do Brasil, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brasil, e da mostra Arte Moderna nos Sal§es Oficiais, no Museu Nacional de Belas-Artes.
1972
Participa da I Exposiçâo Internacional de Pintura Contemporénea, realizada no Museo Nacional de Bellas Artes do Chile, em Santiago, durante reuniâo da Unctad III, e das coletivas Arte Brasil Hoje - 50 anos Depois, na Galeria Collectio, Sâo Paulo, Brasil, e Prot?tipos e Möltiplos, na Petite Galerie, no Rio de Janeiro. Realiza sua primeira obra pöblica: um mural de mzrmore, com 120 metros quadrados, para o edifìcio-sede da Novacap, em Brasìlia.
"Ï uma das obras pöblicas mais dignas que jz vi - despojada e silenciosa. Toda ela realizada em mzrmore, tem a serenidade e altivez das obras clzssicas. Mantendo rigorosamente a coerència com toda sua obra anterior, Valentim nâo se limitou a cuidar da zrea restrita ao mural. Criou um ambiente, implantando seus signos tambëm no piso de pedras portuguesas e construindo um pequeno lago junto ao mural, que o reflete." (Frederico Morais, 1975)
1973
Realiza individual na Galeria Ipanema, no Rio de Janeiro, Brasil. Participa da XII Bienal de Sâo Paulo, sendo premiado com aquisiçâo, e do I Salâo Global da Primavera, em Brasìlia, Brasil, no qual recebe prèmio de viagem Ç Europa. Integra a coletiva 21 Anos de Salâo Nacional, na Galeria IBEU, no Rio de Janeiro, Brasil.
1974
Exp§e na Galeria Porta do Sol, em Brasìlia, Brasil, a sërie de serigrafias reunidas no zlbum Logotipos poëticos da cultura brasileira. Integra a mostra Acervo de Arte Brasileira do Museu de Ontzrio, Canadz, apresentada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e no de Sâo Paulo, Brasil. Aëcio Andrade realiza o curta-metragem Rubem Valentim e sua obra semiol?gica.
1975
Realiza individuais na Fundaçâo Cultural do Distrito Federal, Brasìlia, Brasil, e na Bolsa de Arte do Rio de Janeiro. Integra a Exposiçâo de Artes Plzsticas Brasil-Japâo, que circulou por diversas cidades japonesas, e participa do Panorama de Arte Atual Brasileira (objeto), recebendo o prèmio Museu de Arte Moderna de Sâo Paulo, Brasil. Frederico Morais realiza o audiovisual Rubem Valentim, com fotografias de Luis Humberto e depoimentos do artista.
1976
Realiza individuais de serigrafia no Palzcio das Artes, em Belo Horizonte, Brasil, e no Museu de Arte e Cultura Popular da Universidade Federal do Mato Grosso, em Cuiabz, Brasil. Participa da Bienal Nacional de Sâo Paulo, com 12 pinturas da sërie Emblemas Poëticos de Cultura Afro-Brasileira, recebendo o primeiro prèmio. Publica o Manifesto ainda que tardio: depoimentos redundantes, oportunos e necesszrios.
1977
Participa da XIV Quadrienal de Roma, Itzlia; do II Festival Mundial das Artes Negras, em Lagos, Nigëria; de Visâo da Terra, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brasil; do IV Encontro Nacional de Artes Plzsticas, em Goiénia, Brasil; da XIV Bienal de Sâo Paulo, Brasil, na seçâo "O muro como suporte de obras", com a instalaçâo Templo de Oxalz, composta por 14 relevos e 20 objetos-emblemas; e da mostra Projeto Construtivo Brasileiro em Arte 1950/1962, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brasil, e Pinacoteca de Sâo Paulo, Brasil. Cria um centro cultural que leva seu nome, com o objetivo de "buscar e definir uma visualidade brasileira". No documento de fundaçâo, Valentim diz que "o centro cultural darz ènfase Çs manifestaç§es artìsticas e culturais ligadas Çs nossas tradiç§es, encaradas dinamicamente. Serz um centro de cultura resistente, aglutinador dos fluxos e influxos vindos de todo o Brasil. Debateremos a arte brasileira sem dogmatismos ou sectarismos, mas vamos ver se ë vizvel uma teoria da arte brasileira". Entraves burocrzticos dificultaram a concretizaçâo do projeto.
1978
Realiza individuais na Galeria Bonino e na Fundaçâo Cultural Distrito Federal. Participa da mostra Amërica Latina: Geometria Sensìvel, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, totalmente destruìda por um incèndio.
1979
Participa do Panorama de Arte Atual Brasileira, no Museu de Arte Moderna de Sâo Paulo, Brasil. Realiza escultura de concreto aparente com 8,5 metros de altura, implantada na Praça da Së, em Sâo Paulo, Brasil, definida pelo artista como "marco sincrëtico da cultura afro-brasileira" e como "sìmbolo da cultura mulata". Realiza para a Casa da Moeda do Brasil, por indicaçâo de uma comissâo de crìticos, cinco medalhas (ouro, prata e bronze) nas quais recria sìmbolos afro-brasileiros.
1980
Individual na Fundaçâo Cultural do Distrito Federal, Brasìlia, Brasil.
1981
Integra a mostra Arte Transcendente, no Museu de Arte Moderna de Sâo Paulo, Brasil.
1982
Participa da I Exposiçâo de Arte Latina, Recife. Passa a dividir sua residència entre Brasìlia e Sâo Paulo, Brasil.
1985
Participa da mostra Tradiçâo e Ruptura - Sìntese de Arte e Cultura Brasileiras, na Fundaçâo Bienal de Sâo Paulo. Integra a coletiva Pintura Brasileira Atuante, no Espaço Cultural Petrobrzs, no Rio de Janeiro, Brasil.
1986
Mostra conjunta com Athos Bulcâo, Galeria Performance, Brasìlia, Brasil.
1988
Individual na Galeria Versailles, no Rio de Janeiro, Brasil. Participa da mostra A Mâo Afro-Brasileira, no Museu de Arte Moderna de Sâo Paulo, Brasil.
1989
Rëplicas de objetos-emblemas de Rubem Valentim sâo mostradas no desfile da Escola de Samba Unidos da Tijuca, no Rio de Janeiro, que teve por tema De Portugal Ç Bienal no paìs do carnaval.
1990
Realiza individual de pinturas e desenhos na Galeria Letra Viva, em Sâo Paulo, Brasil. Integra a coletiva A Estëtica do Candomblë, no Museu de Arte Contemporénea da Universidade de Sâo Paulo, Brasil. Participa com serigrafias do Circuito Paulista de Arte Contemporénea, em Sâo Josë do Rio Preto, Bauru, Campinas e Ribeirâo Preto, Brasil.
1991
Realiza individuais no Instituto Brasileiro-Americano, em Washington DC, Estados Unidos, e na Galeria do Sol, em Sâo Josë dos Campos, Brasil. Morre em Sâo Paulo, em 30 de novembro de 1991.
"Ele carregou o peso de suas ousadias, sangrou no corte dos seus sonhos, mas deixou - aos nossos cuidados - uma herança de beleza, de fë muito brasileira, de força e persistència. E continua afirmando: fora do fazer nâo hz salvaçâo." (Löcia Valentim, 1992)
1992
Comemorando o primeiro aniverszrio da morte do artista, sâo realizadas as seguintes mostras: Os Guardadores de Sìmbolos e Axë na Praça da Së, no Museu de Arte de Brasìlia, Brasil; O Sopro Inicial, na Galeria de Arte da ECT; Forma e Cor Essencial, na Casa de Cultura da Amërica Latina; O Templo de Oxalz, no Palzcio Itamaraty, Brasil; Eu Procuro a Claridade, a Luz da Luz, no Espaço Cultural Rubem Valentim, na Universidade Holìstica, todas em Brasìlia, Brasil; e ainda Altares Emblemzticos, na Pinacoteca de Sâo Paulo, Brasil, e Bahia - Emblemas e Magia, no Memorial da Amërica Latina, Sâo Paulo, Brasil, e serigrafias, no Museo de la Estampa, no Mëxico.
1993
Individuais de serigrafia, no Museu de Arte da Universidade Federal do Cearz, Fortaleza, Brasil, e de objetos e relevos emblemzticos no Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador, Brasil, em homenagem aos participantes da III Conferència Ibero-Americana de Chefes de Estado e de Governo. Integra com Athos Bulcâo e Tomie Ohtake a mostra Triéngulo, no Espaço Cultural 508 Sul, da Fundaçâo Cultural do Distrito Federal, Brasìlia, Brasil.
1994
Sala especial na Feira do Livro em Frankfurt, na mostra Arte e Religiosidade Afro-Brasileira; Retrospectiva Construçâo e Sìmbolo, no Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, Brasil.
1995
Sala especial na Feira do Livro em Frankfurt, Alemanha; integra a mostra Herdeiros da Noite, em comemoraçâo aos 300 anos de Zumbi, no Espaço Cultural 508 Sul, Brasìlia, Brasil.
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