Biografia |
Fontana, Lucio
Rosário, Santa Fé, Argentina, 1899
Comabbi, Varese, Itália, 1968
A formação artística de Lucio Fontana inicia-se em casa, observando o trabalho de seu pai, um escultor italiano. Com a família, parte para a Itália ainda durante a infância. Alista-se no Exército para servir durante a Primeira Guerra Mundial.
Retorna à Argentina em 1921 e inicia sua carreira como escultor, a exemplo de seu pai. Realiza neste período vários projetos de escultura, inclusive algumas esculturas funerárias e monumentos públicos. No final da década, retorna à Itália para complementar seus estudos em Milão. Participa, nesse período, de várias exposições coletivas na Europa, entre as quais a Trienal de Milão, a Bienal de Veneza e a Quadrienal de Roma.
A partir de 1940, passa a viver em Buenos Aires, onde desenvolve uma intensa atividade, contribuindo com a formação de jovens artistas na escola de arte que organiza junto com outros artistas, a Academia de Altamira. Em 1946 foi publicado, em Buenos Aires, o Manifiesto Blanco redigido pelos artistas Bernardo Arias, Horacio Cazeneuve e Marcos Fridman, inspirado nas idéias de Fontana.
No ano seguinte, em Milão, Fontana cria o Espacialismo, movimento artístico que denunciava os limites e restrições impostas pelas categorias tradicionais da arte e propunha uma expansão de meios e técnicas que pudessem ampliar os sentidos tradicionais da produção e recepção artísticos. A influência dessas idéias na arte contemporânea é inconteste. O espaço pictórico retalhado por suas fendas e gestos violentos sugere o esgotamento do bidimensional da tela como espaço privilegiado da criação artística. Ou seja, o espaço da arte não seria mais o espaço de representação de valores abstratos, mas de ação concreta e palpável, comportando uma destruição dos valores tradicionais inerentes à pintura e à escultura.
Em 1951 participa da I Bienal de São Paulo, retornando na V Bienal (1959) e suas obras estiveram também na XXII e XXIV edições. As esculturas e pinturas de Fontana têm como princípio operante o gesto que perfura as superfícies. Esta dilaceração (furo ou corte) do espaço tridimensional da escultura ou bidimensional da tela implica a ação simbólica. Remete a uma busca de expansão dos limites espaciais estabelecidos. Indica uma ampliação das superfícies em direção ao plano virtual, incluindo a dimensão do tempo. A poética de Fontana sugere uma arte integral capaz de ser continente às múltiplas dimensões da existência. A partir de 1948, denomina a maior parte de suas obras de "Conceitos espaciais".
Daisy Peccinini/Mac
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