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Artista Elvis Almeida
Biografia Biografia não localizada.


TEXTO CRÍTICO

As pinturas sobre papel de Elvis Almeida situam-se na confluência dos quadrinhos com os graffiti que as precederam. Sua vocação visual já se manifestava quando aos catorze anos de idade ele passou a ilustrar tiras, eventualmente publicadas em fanzines e em edições independentes. Anos mais tarde, começa também a grafitar. Foi então convidado pela administração da linha amarela (LAMSA), que liga os subúrbios do Rio de Janeiro à Barra da Tijuca, para criar graffiti sobre a paz e a educação no trânsito em cinco muros dispersos ao longo dessa via expressa. Há pouco mais de um ano, Elvis ingressou na Escola Nacional de Belas Artes, marco da reorientação de sua trajetória espontânea de quadrinista e grafiteiro.

O trabalho atual desse jovem artista ultrapassa, portanto, a separação convencional entre as linguagens dos quadrinhos, graffiti, desenho e pintura para inscrever-se na rede mais plural e abrangente da produção artística contemporânea. Há algumas décadas essa ultrapassagem seria improvável, já que a ênfase moderna na especialização funcional exigia a compartimentação desses campos visuais e a defesa corporativa de suas especificidades.


Portanto a hibridização (ou a edição) de referências heterogêneas caracteriza não só o trabalho de Elvis, como também o de uma parcela significativa das duas ou três últimas gerações de artistas. A apropriação, a citação e a combinação de meios e técnicas, mecanismos usuais de suas produções, possuem uma lógica análoga à das tecnologias de montagem e edição que estão na origem das experiências urbanas modernas e contemporâneas.

Atraído por imagens íntimas, privadas e públicas do cotidiano citadino, Elvis apropria-se da abundante oferta de imagens na mídia impressa ou eletrônica. Reinterpreta-as por meio do desenho e da pintura para criar, por meio do sequenciamento de cenas, fragmentos de narrativas extraídas de um todo imaginário sem começo ou fim, ao qual aderiu. Tal como nas HQ, no cinema e no vídeo, ele produz imagens que, sem serem explicitamente fotográficas, guardam um compromisso estreito com a fotografia. Essas imagens evocam um realismo de tipo jornalístico comum, tanto nas fotos invasivas e indiscretas tiradas por papparazzi, quanto nas páginas policiais que temperam a curiosidade popular. Imerso na trama que ajuda a tecer com seu próprio trabalho, Elvis é uma das boas promessas da nova geração de artistas cariocas.

Fernando Cocchiarale
Fonte .

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