Biografia |
Nasceu no Rio Grande do Sul, na localidade de Povinho de Santiago, em 1914. Aos seis anos mudou-se para o Mato Grosso, de onde nunca mais saiu, morou em Campo Grande desde 1957.
Criou um protótipo "O Bugre", esculpido em madeira com golpes secos e retos de facão e recoberto com cera de abelhas, os cabelos e os detalhes do rosto foram feitos inicialmente com carvão e logo substituído por tinta preta.
Identificáveis à primeira vista, sem dúvidas sobre a autoria, embora pareçam ter sido feitas em séries e apenas variando na altura, suas peças são diferentes umas das outras; cada espectador, a seu modo, saberá encontrar estas diferenças. Para Conceição, eram bem diversas entre si; uns olham para cima, outros para baixo e todos olham para lados diferentes. Por isso não são iguais.
fonte : Galeria Estação em 07/07/2010
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Nascida em 1914. Depois de sua morte em 1984, seu trabalho continuou sendo realizado pelo seu marido, depois por seu filho e atualmente por seu neto Mariano.
Conceição, começou a trabalhar a madeira, quando um dia se pôs debaixo de uma árvore e por perto tinha uma cepa de mandioca. Esta cepa tinha cara de gente para ela. Pensou em fazer uma pessoa e a fez. Logo depois a mandioca foi secando e foi se parecendo com uma cara de velha, ela pensou. Gostou muito e depois passou a trabalhar a madeira.
Dos rápidos golpes de facão e machadinha vão surgindo da madeira bruta os "bugres de Conceição", principal escultora de Mato Grosso. Com profunda necessidade de fazê-los para satisfazer sua criatividade e garantir-lhe a sobrevivência, os bugres aparecem, basicamente, com a mesma seriedade com que ela prepara a comida ou varre o chão. Evidentemente, o fato não é notado pela artista, que não vê nessas figuras nenhum vestígio de deformação mas, pelo contrário, identifica-se com elas. Como elas os bugres são rudes. Também são as mesmas, a pureza e a simplicidade.
Fonte : Cláudia Campso
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Conceição Freitas da Silva, "Conceição dos Bugres", como é conhecida, veio de uma cidade do interior do Rio Grande do Sul, ainda quando criança, trazida por uma carroça pelos seus pais até o estado de Mato Grosso. De uma cepa de mandioca surgiu a criação dos bugres, a alma de sua arte.
Debaixo de uma árvore, Conceição se pôs a observar uma cepa de mandioca que, para ela, tinha cara de gente. Pensou em talhar uma pessoa e a fez. Com o tempo, a mandioca ficou se parecendo com cara de velha, pensou. Daí em diante, passou a trabalhar a madeira bruta com rápidos golpes de facão e machadinha que começaram a dar formato e significado. Assim, surgiram os "bugres".
Para satisfazer sua criatividade e garantir a sobrevivência, os bugres apareciam, basicamente, com a mesma expressão formal, transmitindo um conhecimento com a mesma seriedade com que ela preparava a comida ou varria o chão. Conceição identificava-se com as figuras. Como ela, os bugres eram rudes, conforme relatam os livros.
Através de um sonho, em que o marido havia colhido mel e, a partir dele feito a cera, no dia seguinte pediu a seu filho que fosse comprar o produto para usar em suas figuras. Ela já sabia do efeito pelo sonho. Com um pincel, começou a usar a cera e, desde então, nunca mais deixou, pois, para ela, representava a roupa. Antes o bugre andava nu e depois do uso da cera parecia vestido. O produto também protegia a obra do vento para que não rachasse.
Reconhecida internacionalmente, Conceição dos Bugres tinha muito prazer em fazer seus "bugrinhos". Seu marido, que construía bancos de madeira e mesas, após a morte de Conceição também começou a fazer os bugres.
Seu neto Mariano, que aos oito anos de idade começou a ajudar sua avó, observando-a intensamente fazendo aqueles bonecos, pegou uns retalhos de madeira e começou a dar forma. Foi passando o tempo e Mariano fazia os bugres iguais aos da sua avó. Foi aperfeiçoando cada vez mais, deixando a madeira mais lisa e também nunca abandonou a cera. "Enquanto eu estiver vivo e as condições físicas permitirem, jamais deixarei de fazer", declarou.
Também afirma que não admite que outros copiem ou façam esses trabalhos. "É a herança que a vó deixou para mim, para os outros netos e bisnetos. Eu tenho certeza que, se ela estivesse viva, adoraria conhecer os bisnetos e saber que eu continuei o trabalho criado por ela".
Sotera, mãe de Mariano lembra que sua sogra, que sempre "foi muito boa", morreu pobre, sem casa e sem televisão, porque naquela época as peças que fazia não eram tão valorizadas. "Conceição ouvia rádio enquanto fazia seus trabalhos e tomava chimarrão, e nós herdamos tudo isso também". Sotera, de descendência paraguaia, também faz trabalhos em madeira, aos quais deu o nome de Totem. Para ela, são peças de outro planeta. Já em alguns livros, Totem significa uma coletividade de figuras.
"Eu e minha mãe acordamos cinco horas para tomar chimarrão, e quando tenho muitas encomendas, trabalho nos domingos e feriados. Para nós, a impressão é que a vó está sempre presente em nossos trabalhos, porque temos uma força muito grande e nos sentimos muito bem", conta Mariano.
Fonte : Unifolha
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