Biografia |
Oldenburg, Claes
Estocolmo, Suécia, 1929
-
Filho de diplomatas suecos, instala-se com sua família nos Estados Unidos a partir de 1936. Segue, de 46 a 50, cursos de literatura e de arte na Yale University. De 52 a 54 realiza cursos noturnos do Instituto de Arte de Chicago. Muda para Nova York em 1961.
É no início desta década que Oldenburg começa a elaborar suas obras a partir de objetos cotidianos - comida, ferramentas, roupas (lingerie em especial), aparelhos elétricos - que são reapropriados em contextos muito diversos. Sua primeira produção é marcada por peças de vestuário elaboradas com musselina encharcada em gesso com uma estrutura de arame. Em 1962 começam suas obras "culinárias", como o famoso par de hambúrgueres esmaltados do acervo do MoMA de Nova York. Esta série, que inclui tortas, bolos e sorvetes, além de uma imensa baked potato, mostra muito claramente que a "matéria-prima" de seu trabalho é não só retirada de objetos do dia-a-dia mas, e principalmente, de alguns dos ícones e símbolos mais característicos da vida norte-americana e do american way-of-life.
Esta perspectiva de seu trabalho vai ser ressaltada em suas próximas "esculturas", como o Hambúrguer Gigante, uma recontextualização kitsch de dimensões absurdas (132 x 213 cm) de um dos mais típicos símbolos da cultura americana: o fast food. Com essas "imitações", deslocadas de seu lugar e tamanho natural, o artista ressalta justamente o seu poder e impacto nas mudanças da vida cotidiana e suas implicações em uma sociedade de consumo. Isto relaciona seu trabalho ao imaginário da Pop art, por ter como motivação a cultura de massas, a produção em série e a mídia. Neste caso, coloca também em jogo os atributos do que se concebe como escultura, tradicionalmente um objeto duro e sólido, aqui materializada em vela náutica pintada recheada com espuma. Daqui surge também seu ponto de partida para as soft sculptures que passou a executar, elaborando telefones públicos, interruptores de luz, pneus, sanitários, ventiladores, baterias, entre outros, com tela pintada e recheada com paina. Estas obras, por não possuírem nenhum tipo de sustentação, despencam às nossas vistas, causando um estranhamento imediato com objetos que fazem parte de nossa vida prática. Alguns críticos interpretam estas obras como substitutos do corpo humano que, pela sua forma maleável, sugeririam específicas partes da anatomia: hambúrgueres - seios, tubo de pasta de dente - pênis, em uma analogia com a impotência do corpo se tornar motivo para a arte moderna e em relação direta com as teorias de Freud, onde objetos do cotidiano são percebidos como substitutos de algumas de suas partes.
A virada da década vai marcar mais um outro momento de sua obra, que se estende até hoje, com o projeto e execução de uma série de esculturas gigantes de objetos e coisas absolutamente comuns, em sua maioria destinadas a lugares públicos. São exemplos deste trabalho a Bolsa de gelo (1969) e a Borracha de máquina de escrever (1976), o Baton gigante instalado ao ar livre na Yale University (1969), a Torneira com mangueira na Alemanha (1983), a Ponte-colher e cereja de Mineápolis (1988), os Binóculos de Veneza, Califórnia (1991), a Maçã Mordida em Israel (1992) e o par de Petecas em Kansas, Missouri (1994).
Desde o início da década de 90, tem realizado algumas obras em polistireno, tendo como motivos objetos relacionados à escrita: mata-borrões, penas, tinteiros, entre outros.
Toda essa produção, além dos projetos de performances como a corso del coltello realizada em Veneza, Itália, em 1985, são executados a partir de desenhos e gravuras que enriquecem a gama de possibilidades artísticas de Claes Oldenburg.
Sua obra tem sido exposta em todos os cantos do mundo, tendo exposto no Brasil na IX Bienal (1967), no Museu Nacional de Belas Artes RJ (1992) e na coletiva Mestres Americanos Contemporâneos (1963-1993) no MAC, em 1993.
Paulo Menezes/Mac
|